Vou contar uma história da minha infância.
Quando eu era pequena, eu tinha um amigo imaginário, o Ruan. Daí que a família inteira já conhecia ele, não sentava nele, nem reclamava quando ele quebrava alguma coisa e parecia que fui eu.
Só que, anos depois, eu começava a gritar e chorar do nada, dizendo que o Velho tava me assustando. A minha mãe, depois de dias e dias, fez várias perguntas, e eu respondia que não, o Velho não era o Ruan. Não, do ruan eu não tinha medo. Sim, o Velho tava ali ainda.
Passa dia, passa noite e eu continuava na do velho. Às vezes, eu oferecia coisas pra ele, ás vezes, ele brincava junto, e do nada eu começava a gritar. A minha irmã mais velha começou a ficar com medo, e não ficava mais sozinha comigo, o que resultou no fato de o meu pai ficar em casa cuidando de mim enquanto minha mamãe ia num treco espírita aí.
Enquanto eu assustava o meu pai, minha mãe conversava calmamente com um cara, que, do nada, começou a falar de mim.
- Você tem uma filhinha, né?
- Tenho...
- Uma menina, que dorme num berço branco. Um berço que não é dela.
- Não, é da prima dela. – minha mãe confirmou.
- Do lado do berço tem uma janela.
- Tem.
- É ali que o velho tá.
Mamãe gelou, fim de sessão espírita, fim de calma, fim de tudo.
Todo mundo cagado, e eu ali, doce e adorável, brincando com o Ruan e o velho. Passou uns meses, e eu nunca mais reclamei. Nem vi nenhum dos dois. Mas o susto ficou, e minha irmã que não cuidava de mim, lembra disso até hoje.
E eu rio. Muito. Até porque eu não lembro de nada, e a cara da minha mãe não tem preço.
moral da história:
Se uma menininha tiver dois amigos imaginários, e começar a gritar e chorar do nada, com medo de um, não vá conversar com um espírita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário